Boa tarde galera, aqui do meu mousesinho, velho de guerra, e pela segunda vez voltamos a falar de um jogo revolucionário, que muitos chamam de “GTA da Ubisoft“, dessa vez sem o foco no lançamento de Cyberpunk 2077, não. Pra analisar um dos maiores, um dos mais ambiciosos projetos da história juntamente com o próprio Cyberpunk, Alan Wake (outro jogaço, mas que teve um orçamento digno) e o concorrente, GTA IV e V.
Mas se Watch Dogs (Ubisoft Montreal, 2014, Kevin Shortt, Danny Belanger, Dominic Guay e Jonathan Morin, Microsoft Windows, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 & Xbox One) é um game de mundo aberto, com combate em terceira pessoa, com furto, perseguição automotiva e policial, trilha sonora matadora (mesmo), stealth, sabotagem de equipamentos e um ambiente badass urbano e gangsta…parece mais do mesmo do novo milênio, certo? Mas aí entra o diferencial da Ubi. Não são norte americanos.
A visão é o diferencial
O mundo de WD é a cidade de Chicago. Sim tem uma corporação malvadona, que quer ter o controle das pessoas (e do mundo, a trama central de Watch Dogs), mas aqui está o diferencial da desenvolvedora, o foco na história, no lado técnico, e no povo. Lembremos a Ubi é francesa. E a base, revoltas e experiências do povo francês os faz um dos mais fascinantes povos da humanidade, e os jogos da dev mostram isso.
Portanto mesmo sendo próximo a atmosfera de GTA IV, WD tem o dna cajun canadense e mesmo tendo sim uma atmosfera cinza, urbana e uma trama épica e trágica (já chegamos) tem sim elementos da cultura street (que descambaram em WD2), aquele clima de fim do milênio, de cultura pós anos 90, até mesmo no foco ao blues na trama e bandas alternativas como Smashing Pumpkins.
Uma outra coisa interessante de notar é uma paleta de cores cinza, com cores concretas, com ênfase no jeans e no couro, muitas pichações e grafite, além de ambientes técnicos, eletrônicos, cabeamentos, trilhas de luz, muita cultura cibernética, literatura de vanguarda (William Gibson) e contra midiática, o jogo não é na Inglaterra, mas é claramente anarquista. Pior, uma vertente anterior ao cyberpunk chamada anarcopunk. O que deixa a atmosfera pesada e muito raiz.
The history of The Fox
Bom delimitamos a nossa Chicago, nada de vintage apenas a atmosfera urbana, sombria, desesperançosa, fast food e anarco gótica de nossos dias (sério ta aí uma boa referência pra Chinese Room e seu Bloodlines 2) e quem vai ser o protagonista em um cenário assim? Um cara amargurado, ressentido e cheio de ódio. E que busca uma forma de redenção.
Nada de 007, entra Jason Bourne, nada de Martini com gelo, e sim um homem que por seu conhecimento, arrojo e habilidade faz a diferença por conhecer todos os meandros do sistema de informações e o submundo da cidade, inclusive tendo poucos recursos (pasmem, não é um Batman), incorrendo ao crime e a polícia se necessário.
E vamos adicionar a esse homem um drama de família, um jovem brilhante, autodidata que é expert em computação, um prodígio, um hacker, sendo tão bom que controla os sistemas automatizados por intermédio de calculadoras e celulares. Senhores, conheçam The Fox, conheçam Aiden Pearce.
Aiden é sem dúvida o melhor personagem da Ubisoft. Pode acreditar. Um morcego da massa, esse aqui mano eu quero ver você chamar de fascista. Aiden é realmente sério, focado (Aiden não faz piadas) mas tem um senso de justiça quase que irredutível, humano, suas parcerias e sentimentos (Clara…) dão a ele uma vulnerabilidade, que o aproxima do público além de apresentar seus familiares. Que pode acreditar, só acrescentam na cruzada do vigilante.
Um anarquista pessimista com provas
Aiden não acredita no melhor da humanidade. Ele sabe o que as pessoas escondem. E não bb, pode crer ele não está errado. Como um cientista social, The Fox faz seus “experimentos” na prática. Ele tem provas. Todos são sujos. Do banqueiro ao agiota, do “personagem feminino” do jogo online que na verdade é um cara, da mãe solteira que trai o namorado com outros caras, está tudo na Rede e tudo Aiden tem acesso.
Aiden é um gênio da telecomunicação, tão foda que perturbaria Bruce Wayne se pudesse. Na verdade ele tem um papel de destaque, mas na organização anarquista chamada DedSec, uma iniciativa “livre” mundial que luta contra o autoritarismo cibernético, com táticas radicais de guerrilha. Aí você diz, “peraí isso é esquerda, certo?”, sim meu brother mas esse é um game da criadora de Far Cry, pode acreditar nada é o que parece.
Acontece que assim como Cyberpunk 2077 anos a frente, Watch Dogs é o maior “quebrei a cara” que a Esquerda já passou. Sim a Dedsec é uma guerrilha no melhor estilo Black Blocs e Anonymous (sério galera gosto de vocês) , e a situação que eles impõem a cidade de Chicago nesta distopia da ctOS (a rede privada da corporação Blume, uma espécie de Arasaka lite que mescla comunicações e segurança privada) é um siege a la Che Guevara, mas se tem uma coisa que a Ubi faz bem (seria uma honra Ubi ✌) assim como a CD Projekt RED, é lidar com assuntos polêmicos.
Acontece que Aiden é egoísta (sim se prepare pros vídeos no fim do post) e GOSTA de perseguir e punir bandido. Ou O QUE ELE CARACTERIZAR como tal. Como eu disse Aiden é um anti herói criado por CANADENSES. É um vigilante europeu em Chicago. Seu modus operandi lembra o de Jean Reno em O Profissional, um cara resoluto que não tem arrependimentos, nem muito menos limites. Não segue nenhuma ideologia a não ser A SUA. ELE É A JUSTIÇA. No melhor estilo Jigsaw de Jogos Mortais pra ele fez merda e tem provas? Dançou. Ele é um Executor (Mack Bolan vibes), e sem remorsos.
Um ensaio sobre vigilantes
O grande tema de WD na verdade e a discussão sobre o “vigilantismo”. Estamos sendo vigiados. O tempo todo. As corporações JÁ NOS CONTROLAM. Não existe mais aquele papo “de cair em mãos erradas”. JÁ CAIU. Pronto. A questão aqui é, se existe o crime, a burocracia, se estamos propensos a corrupção e sermos maculados e corrompidos…e se existisse um Batman, se existisse um Cole Cash, um Justiceiro lutando por nós. ALGUÉM DE NÓ
Assim como eu relatei na análise do Legion, WD mostra que sim um Daryl Dixon é possível, um Rick Grimes também (um Negan também, mas deixemos isso pra outro vídeo), UM CARA COMUM PODE FAZER A DIFERENÇA. Enfrentar o autoritarismo das corporações, a corrupção governamental e também da Máfia. Um “anjo da guarda” que usa o sistema pra punir, ajudar pessoas e fazer justiça, e claro isso traz a admiração do sexo oposto, de uma “admiradora secreta” (Clara Lille) que além de fogo (você entendeu) é punk, anarquista virtual E TÃO OBCECADA QUANTO VOCÊ. (SPOILERS) Tanto que ela se sacrifica por você. Ok, spoilers de um jogo de 2014. Já falamos sobre isso.
Pra fechar essa parte e irmos a parte final (e mais importante dessa resenha) WD é um “Watchmen 4D”, é perfeito. Aiden é um personagem que hora é um Spawn, ou Batman por causa do seu drama de família e hora é tão safado como um Michael DeSanta de GTA V e Jackie Estacado de The Darkness! Seu vigilantismo vem de um grupo como eu disse de “vigias da vizinhança”, que existem na Polônia, países escandinavos, Inglaterra, Suécia, França, Japão, Singapura, Espanha, Canadá (cajun lembra) e até a França, é um fenômeno mundial. Pessoas cuidando de pessoas.
NÃO APOSENTEM AIDEN PEARCE
Ubi me escute. Tirem esse cara da aposentadoria pra ontem. É o Batman de vocês. Esse cara não vai ficar menos foda por ficar velho. Pelo contrário as aventuras de Aiden, agora um mentor da DedSec, COMEÇARIAM PRA VALER.
Vocês já tem um universo compartilhado (O MELHOR DOS GAMES), ponham o Aiden de volta investigando a Abstergo, criem ligações dele com com a The Division! Façam a Fourth Echelon de Splinter Cell, ir no encalço dele. Ponham Sam Fisher para ir atrás de Aiden!
Vocês tem a faca e o queijo nas mãos. Criem ligações com a Irmandade dos Assassinos. Por que não treinar Aiden pra ser um Assassino? E a Maçã? Com isso seria possível “consertar” o passado de Aiden, enfim inúmeras possibilidades.
Por isso Ubi, Watch Dogs IV com o retorno triunfal (ou não), de Aiden e Jordy, pra ontem.
WATCH DOGS Pontos fortes: - Aiden Pearce, um tio dedicado, sedutor, anarquista, implacável, gênio das comunicações e informática, perito em gambiarra e escapada, além de segurança cibernética, boas conexões com a máfia e protetor e vigia das pessoas de bem de Chicago. - A cidade de Chicago, que sobrevive e respira mesmo diante da opressão da ctOS, da Blume e sim, DA PRÓPRIA DEDSEC. Assim como Far Cry, OS ERROS DOS DOIS LADOS SÃO MOSTRADOS. - A dubiedade não somente de Aiden Pearce, mas de T-Bone, a sua parceira Clara Lille (uma espécie de Selina hacker) e "seu melhor amigo", Jordy Chin. Ninguém nesse jogo é quem realmente diz ser. - O drama familiar de Aiden. Humaniza ainda mais o personagem e justifica a sua caçada pela justiça e pela vingança. - A complexidade da nossa sociedade. Sonhos, desgraça, chantagem, boas intenções, traição, omissão, hipocrisia, mentira e desenvolvimento pessoal além de perseverança, que compõem as vidas humanas e como informação podem ser coletadas. Pontos fracos: - Utiliza um sistema randômico de ameaças que não levam a novas quests, apesar de ser uma diferenciação poderia mesmo na época e traria mais força ainda a história. - Falta uma customização, isso poderia trazer mais pro game e não atrapalharia a seriedade do enredo. Mas temos que lembrar quando o jogo foi feito. Gráficos : 8.5/9.0 (a do 360 é 9.0) Enredo e História: 10 Execução: 10 NOTA: 10 (com louvor, esperava menos?) gamertag Xbox: RED Xbox#3468 Acompanhe nossas lives na Twitch, a qualquer momento: https://www.twitch.tv/aldeia_red1978